pataphysyque


MILLÔR on line - - O que é Patafísica

Afinal, Gisele, o que é a Patafísica?

Primeira lição metafísica
Quando Alfred Jarry, que morreu aos 33 anos, em 1906, estreou Ubu Rei com o monossílabo MERDE!, escandalizou a platéia, que não devia ser lá muito grande, não sei, e fixou a patafísica. Que não é outra coisa senão uma forma de nonsense, anfiguri, qualquer coisa de entendimento não preciso, e contra corrente. É isso aí, Gisele. Não esquenta com o termo. Mas aprenda mais, dentro da tese ou antítese ou nemtese.

Um epifenômeno é o que se acrescenta a um fenômeno.
A patafísica, etimologicamente, vem de pataphysyque, ciência que se adiciona à metafísica, já em si mesma, já fora de si própria. Exemplo: o epifenômeno sendo, a maior parte das vezes, o acidente, a patafísica não é mais do que a ciência do particular, pois sabemos que não há ciência senão do geral. Quer dizer, a patafísica estuda as leis que regem as exceções, e explica o universo suplementar ao comum. Entendeu? Que moça inteligente, meu Deus!

Além disso a patafísica é a ciência das soluções imaginárias, que concilia, simbolicamente, aos alinhamentos, as propriedades dos objetos descritos por sua virtualidade. Entendeu também? Você vai longe.

A ciência atual está fundada no principio da indução. Pra maior parte dos homens os fenômenos precedem ou seguem um outro, e os homens (a maior parte) acham que será sempre assim. Mas isso não é exato (a não ser a maioria das vezes). Além do que tudo é codificado de acordo com a comodidade. Ao invés de denunciar a queda dos corpos em direção a um centro, pode-se preferir a ascensão do mesmo para uma periferia, o vazio sendo tomado pela unidade da não-densidade, hipótese bem menos arbitrária. Sei que você concorda, Gisele.

Como o próprio corpo é um postulado e um ponto de vista da multidão, é necessário postular que o talhe dos homens permanecerá o mesmo, sempre sensivelmente constante e mutualmente igual. Mas o consentimento universal já é em si um prejulgamento miraculoso e inútil (Essa a gente explica mais outro dia).

É pois fundamental admitir que a multidão (incluindo nela crianças e mulheres) é demasiado grosseira para entender as figuras elípticas e que seus membros concordam com o consentimento dito universal porque não percebem que o círculo não tem um único centro, sendo, portanto, mais fácil coincidir num ponto do que em dois. O verdadeiro universo é feito de elipses, tanto que os burgueses guardam seu vinho em tonéis e não em quadrados.

Em suma, minha cara Gisele, eu poderia acrescentar mais, e tudo que quisesse, para te explicar a Patafísica. Mas, cuidado, na hora em que você entender tudo terá destruído tudo. O entendimento total é o fim.
Como lá diz o Eclesiastes: Quem aumenta o seu conhecimento aumenta a sua dor.
Doeu?
E não esquecer que a patafísica é francesa.
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Afinal, Gisele, o que é a Patafísica?
 Primeira lição metafísica
Quando Alfred Jarry, que morreu aos 33 anos, em 1906, estreou Ubu Rei com o monossílabo MERDE!, escandalizou a platéia, que não devia ser lá muito grande, não sei, e fixou a patafísica. Que não é outra coisa senão uma forma de nonsense, anfiguri, qualquer coisa de entendimento não preciso, e contra corrente. É isso aí, Gisele. Não esquenta com o termo. Mas aprenda mais, dentro da tese ou antítese ou nemtese.

Um epifenômeno é o que se acrescenta a um fenômeno.
A patafísica, etimologicamente, vem de pataphysyque, ciência que se adiciona à metafísica, já em si mesma, já fora de si própria. Exemplo: o epifenômeno sendo, a maior parte das vezes, o acidente, a patafísica não é mais do que a ciência do particular, pois sabemos que não há ciência senão do geral. Quer dizer, a patafísica estuda as leis que regem as exceções, e explica o universo suplementar ao comum. Entendeu? Que moça inteligente, meu Deus!

Além disso a patafísica é a ciência das soluções imaginárias, que concilia, simbolicamente, aos alinhamentos, as propriedades dos objetos descritos por sua virtualidade. Entendeu também? Você vai longe.

A ciência atual está fundada no principio da indução. Pra maior parte dos homens os fenômenos precedem ou seguem um outro, e os homens (a maior parte) acham que será sempre assim. Mas isso não é exato (a não ser a maioria das vezes). Além do que tudo é codificado de acordo com a comodidade. Ao invés de denunciar a queda dos corpos em direção a um centro, pode-se preferir a ascensão do mesmo para uma periferia, o vazio sendo tomado pela unidade da não-densidade, hipótese bem menos arbitrária. Sei que você concorda, Gisele.

Como o próprio corpo é um postulado e um ponto de vista da multidão, é necessário postular que o talhe dos homens permanecerá o mesmo, sempre sensivelmente constante e mutualmente igual. Mas o consentimento universal já é em si um prejulgamento miraculoso e inútil (Essa a gente explica mais outro dia).

É pois fundamental admitir que a multidão (incluindo nela crianças e mulheres) é demasiado grosseira para entender as figuras elípticas e que seus membros concordam com o consentimento dito universal porque não percebem que o círculo não tem um único centro, sendo, portanto, mais fácil coincidir num ponto do que em dois. O verdadeiro universo é feito de elipses, tanto que os burgueses guardam seu vinho em tonéis e não em quadrados.

Em suma, minha cara Gisele, eu poderia acrescentar mais, e tudo que quisesse, para te explicar a Patafísica. Mas, cuidado, na hora em que você entender tudo terá destruído tudo. O entendimento total é o fim.
Como lá diz o Eclesiastes: Quem aumenta o seu conhecimento aumenta a sua dor.
Doeu?
E não esquecer que a patafísica é francesa.

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